Postagens populares

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Espaço da Leitura Cristã

ESPAÇO DA LEITURA CRISTÃ


O AMOR DE DEUS

João 3.16



SIGLAS DOS LIVROS BÍBLICOS

COMO USAR AS REFERÊNCIAS BÍBLICAS

As referências bíblicas são baseadas em livros, capítulos e versículos. Toda a Bíblia é divida desta maneira, para facilitar a localização rápida de algum trecho específico.
Em cada livro, há números com formatos maiores. Cada um destes números indica o início de um novo capítulo, e cada capítulo está subdivido em versos (ou versículos), que tem um pequeno número á frente do seu início.
Numa referência bíblica, primeiramente aparece o nome do livro (exemplo: João). Depois, o capítulo e versículo (exemplo: João 3.16, quer dizer que você deve procurar pelo livro de João, no capítulo 3, no verso 16).
Fácil, não é? Outro exemplo: Mateus 11.28 significa que o verso está no livro de Mateus, capítulo 11, verso 28, que diz: “Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei”.
Para fins de consulta, neste site utilizamos as abreviações dos livros bíblicos. Adiante, a relação completa, com sua respectiva abreviação, por ordem alfabética da sigla:

SIGLA/TÍTULO DO LIVRO:

1 Co = 1a. Carta aos Coríntios
1 Cr = 1o. Livro de Crônicas
1 Jo = 1a. Carta de João
1 Pe = 1a. Carta de Pedro
1 Rs =  1o. Livro de Reis
1 Sm = 1o. Livro de Samuel
1 Tm = 1a. Carta a Timóteo
1 Ts = 1a. Carta aos Tessalonicenses
2 Co = 2a. Carta aos Coríntios
2 Cr = 2o. Livro de Crônicas
2 Jo = 2a. Carta de João
2 Pe = 2a. Carta de Pedro
2 Rs = 2o. Livro de Reis
2 Sm = 2o. Livro de Samuel
2 Tm = 2a. Carta a Timóteo
2 Ts = 2a. Carta aos Tessalonicenses
3 Jo = 3a. Carta de João
Ag = Ageu
Am = Amós
Ap = Apocalipse
At = Atos dos Apóstolos
Cl = Colossenses
Ct = Cântico dos Cânticos
Dn = Daniel
Dt = Deuteronômio
Ec = Eclesiastes
Ed = Esdras
Ef = Efésios
Ex = Êxodo
Ez = Ezequiel
Fm = Filemon
Fp = Filipenses
Gl = Gálatas
Gn = Gênesis
Hb = Hebreus
Hc = Habacuque
Is =Isaías
Jd = Judas
Jl =Joel
Jn =Jonas
Jo = João
Jó = Jó
Jr = Jeremias
Js = Josué
Jz = Juízes
Lc = Lucas
Lm = Lamentações de Jeremias
Lv = Levítico
Mc = Marcos
Ml = Malaquias
Mq = Miquéias
Mt = Mateus
Na = Naum
Ne = Neemias
Nm = Números
Ob = Obadias
Os = Oséias
Pv = Provérbios
Rm = Romanos
Rt = Rute
Sf = Sofonias
Sl = Salmos
Tg = Tiago
Tt = Tito
Zc = Zacarias
Agora, a mesma relação, por ordem que está na sequência dos livros da Bíblia:

TÍTULO DO LIVRO (SEQUÊNCIA NA BÍBLIA) /SIGLA :

Gênesis = Gn
Êxodo = Ex
Levítico = Lv
Números = Nm
Deuteronômio = Dt
Josué = Js
Juízes = Jz
Rute = Rt
1o. Livro de Samuel = 1 Sm
2o. Livro de Samuel = 2 Sm
1o. Livro de Reis = 1 Rs
2o. Livro de Reis = 2 Rs
1o. Livro de Crônicas = 1 Cr
2o. Livro de Crônicas = 2 Cr
Esdras = Ed
Neemias = Ne  
Ester = Et
 = 
Salmos = Sl
Provérbios  = Pv
Eclesiastes = Ec
Cântico dos Cânticos = Ct
Isaías = Is
Jeremias = Jr
Lamentações de Jeremias = Lm
Ezequiel = Ez
Daniel = Dn
Oséias = Os
Joel = Jl
Amós = Am
Obadias = Ob
Jonas = Jn
Miquéias = Mq
Naum = Na
Habacuque = Hc
Sofonias = Sf
Ageu = Ag
Zacarias = Zc
Malaquias = Ml

Mateus = Mt
Marcos = Mc
Lucas = Lc
João = Jo
Atos dos Apóstolos = At
Romanos = Rm
1a. Carta aos Coríntios = 1 Co
2a. Carta aos Coríntios = 2 Co
Gálatas = Gl
Efésios = Ef
Filipenses = Fp
Colossenses = Cl
1a. Carta aos Tessalonicenses = 1 Ts
2a. Carta aos Tessalonicenses = 2 Ts
1a. Carta a Timóteo = 1 Tm
2a. Carta a Timóteo = 2 Tm
Tito = Tt
Filemon = Fm
Hebreus = Hb
Tiago = Tg
1a. Carta de Pedro = 1 Pe
2a. Carta de Pedro = 2 Pe
1a. Carta de João = 1 Jo
2a. Carta de João = 2 Jo
3a. Carta de João = 3 Jo
Judas = Jd

Apocalipse = Ap

domingo, 26 de janeiro de 2014

Comentário da lição de Jovens e Adultos

LIÇÃO 4
A CELEBRAÇÃO DA PÁSCOA

INTRODUÇÃO

I. A PÁSCOA
II. OS ELEMENTOS DA PÁSCOA
III. CRISTO, NOSSA PÁSCOA

CONCLUSÃO

A PÁSCOA CRISTÃ

No AT, é feita uma referência à celebração da primeira Páscoa por Moisés, com a aspersão de sangue para que os primogênitos israelitas não fossem tocados (Hb 11.28). Existem muitas outras referências a festas da Páscoa durante a vida do Senhor Jesus. Ainda criança, todos os anos Ele era levado por seus pais a Jerusalém para a Festa da Páscoa (Lc 2.41). No quarto evangelho, três Páscoas são definitivamente mencionadas durante o ministério do Senhor Jesus (Jo 2.13,23; 6.4; 11.55; 12.1; 13.1; 18.28,39; 19.14) e acredita-se que a festa mencionada em João 5.1 seria a quarta Páscoa.
Na época de Cristo, o cordeiro pascal (geralmente um cordeiro ou cabrito de um ano, mas veja Êxodo 12.5) era ritualmente sacrificado na área do Templo. Essa refeição, no entanto, podia ser comida em qualquer casa da cidade. Um grupo comunitário, como o de Jesus e seus discípulos, podia celebrar a Páscoa em conjunto, como se formasse uma unidade familiar. Cerca de 120.000 a 180.000 judeus compareciam a Jerusalém para essa e outras festas anuais, sendo que a grande maioria deles era formada por peregrinos vindos de países da Diáspora (J. Jeremias, Jerusalem in the Time of Jesus, Filadélfia. Fortress, 1969, pp.58-84). Depois da destruição do Templo no ano 70 d.C., as provisões para o sacrifício de um animal, sob a forma de um ritual, cessaram totalmente e a Páscoa dos judeus passou a ser uma simples cerimônia familiar, uma refeição sem derramamento de sangue. Atualmente, apenas os samaritanos (q.v.), em sua cerimônia anual da Páscoa no monte Gerizim, sacrificam cordeiros ou cabritos visando cumprir a ordem de Êxodo 12.
Uma última passagem do NT desenvolve claramente o significado tipológico da Páscoa e da Festa dos Pães Asmos para o cristão. Paulo conclama os coríntios a eliminar o fermento da malícia e da iniquidade, e observar diariamente a festa “porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós” (1 Co 5.7). Dessa forma, Paulo declara diretamente que Cristo é o “nosso Cordeiro pascal”, conforme o pronunciamento de João Batista de que Jesus é “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29). Devido a estas passagens, e a ensinos semelhantes, a Igreja primitiva veio a entender que a Ceia do Senhor (q.v.) substitui completamente a celebração da Páscoa.


Texto extraído do “Dicionário Bíblico Wycliffe”, editado pela CPAD.

Comentário da lição de Jovens e Adultos

LIÇÃO 3
AS PRAGAS DIVINAS E AS PROPOSTAS ARDILOSAS DE FARÓ

INTRODUÇÃO

I. AS PRAGAS ENVIADAS E A PRIMEIRA PROPOSTA DE FARAÓ
II. FARAÓ NÃO DESISTE
III. A PROPOSTA FINAL DE FARAÓ

CONCLUSÃO

O PROPÓSITO DAS PRAGAS

Por

Victor P. Hamilton

Essa ênfase no conhecimento do Senhor alça as pragas para além de sua função de castigar severamente. As pragas não são uma vingança contra Faraó. O Senhor não tem a intenção de deixar no Egito um Faraó arrasado e destruído, nem tenciona fascinar o governante egípcio com uma exibição de milagres.
O propósito divino é fazer com que Faraó e seu povo ― para não mencionar os israelitas ― passem efetivamente a conhecer o verdadeiro Deus. É estabelecida uma estrutura com fins didáticos, de forma que o conhecimento seja transmitido através de observações e experiências pessoais, não por ouvir falar. Conhecer ao Senhor como Senhor significa reconhecer e se submeter a sua autoridade. Essa é a escolha que precisa ser feita, a qual Faraó é convidado a fazer. É claro que, nos capítulos finais, não vemos nada sobre Faraó ter dito “Agora conheço Jeová” ou “Eu sei quem Jeová é”. Além disso, não há nada nem remotamente semelhante à profecia de Isaías sobre o Egito que falarão a língua de Canaã e farão juramento ao Senhor dos Exércitos” (Is 19.18).
Dez pragas são registradas:

  1. 7.14-25: água em sangue.
  2. 8:1-15: infestação das rãs.
  3. 8.16-19: insetos (ou piolhos).
  4. 8.20-32: infestação das moscas (com os hebreus sendo poupados [8.22]).
  5. 9.1-7: peste sobre o gado (com os hebreus sendo poupados [9.4,6]).
  6. 9.8-12: úlceras sobre homens e animais.
  7. 9.13-35: saraiva, trovões e raios (com exceção da área destinada aos hebreus [9.26]).
  8. 10.1-20: infestação de gafanhotos.
  9. 10.21-29: três dias de densas trevas.
  10. 11.1―12.36: morte dos primogênitos, tanto do povo como do gado (com exceção dos hebreus, caso se preparassem de forma correta [12.7,13]).

Muito já se disse sobre as pragas serem diretamente voltadas para algum aspecto específico da religião egípcia. Em diversos casos, isso é bem possível, mas em outros fica difícil fazer essa correspondência. Na verdade, em Êxodo 12.12, vemos o Senhor dizendo: “e sobre todos os deuses do Egito farei juízos”. Veja também Números 33.4b: “e havendo o Senhor executado os seus juízos nos seus deuses”. Para algumas das pragas, a correspondência é válida.

1.      Hapi, o deus do Nilo, portador da fertilidade.
2.      Hekt, a deusa da fecundidade com cabeça de sapo.
4.              Kheper, na forma de um besouro (que talvez possamos incluir na praga das moscas). Ele representa o ciclo diário do sol pelo céu.
5.         Muitos deuses e deusas egípcias são representados zoomorficamente em   hieróglifos: Hator, representada como uma deusa com a cabeça de vaca ou como uma deusa com a cabeça humana e orelhas ou chifres de vaca; Amon, rei dos deuses e protetor dos Faraós, representado por uma figura masculina com cabeça de carneiro ou como carneiro com uma tríplice coroa; Geb, divindade da terra, representado como um ganso ou como uma figura humana com um ganso na cabeça; Ísis, rainha dos deuses, representada com chifres de carneiro ou vaca na cabeça.
7.      Nut, deus do céu e protetor dos mortos.
8.      Serapia, protetor contra os gafanhotos.
          9.  Rá, personificação do sol, rei dos deuses e pai da humanidade.
10. Possivelmente Taueret, deusa da maternidade que governava sobre os     nascimentos e que, mais tarde, tornou-se uma divindade protetora do lar.

É preciso deixar claro que o texto bíblico não dá indicação alguma de que as pragas devam ser associadas à religião e às divindades egípcias. Tais semelhanças, portanto, devem ser coincidências. No que diz respeito à natureza das pragas, é mais do que possível que algumas já tivessem sido experimentadas pelos egípcios (como, por exemplo, a coloração vermelha das águas do Nilo e a praga das rãs oriundas dos manguezais ao longo do rio). Outras foram provavelmente inéditas, como, por exemplo, as pragas da saraiva e das trevas, dada a quase perene estiagem e dos dias ensolarados durante o ano inteiro (com exceção dos vendavais, que rapidamente tapavam a luz do sol).

Texto extraído do “Manual do Pentateuco: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio”, editado pela CPAD.


Comentário da lição de Jovens e Adultos

LIÇÃO 2
UM LIBERTADOR PARA ISRAEL

INTRODUÇÃO

I. MOISÉS – SUA CHAMADA E SEU PREPARO (ÊX 3.1-17)
II. AS DESCULPAS DE MOISÉS E A SUA VOLTA PARA O EGITO
III. MOISÉS SE APRESENTA A FARAÓ (ÊX 5.1-5)

CONCLUSÃO

MOISÉS O grande líder e legislador dos hebreus, sob cuja mão Deus levou os israelitas do Egito às fronteiras da terra prometida. Moisés foi a maior personalidade na dispensação do AT, porque foi seu fundador e, como tal, tipificou o Senhor Jesus Cristo (cf. Hb 3.1-6). 
O nome. Em Êxodo 2.10, é feito um trocadilho com o nome Moisés: “E chamou o seu nome Moisés e disse: Porque das águas o tenho tirado [meshiti-hu]”. Há uma questão exegética relacionada à pessoa que deu o nome a Moisés. Se foi sua mãe, possivelmente a palavra deveria ser explicada como relacionada a masha (“extrair”), uma adaptação semítica de uma forma egípcia. Por outro lado, a maioria dos estudiosos pensa que a filha do Faraó escolheu o seu nome, e que a palavra é realmente egípcia, embora existam dificuldades linguísticas em tal opinião.
A vida. De acordo com Êxodo 2.1, os pais de Moisés eram descendentes de Levi, embora não possamos dizer quantas gerações houve entre Levi e Moisés. A história da infância de Moisés é bem conhecida. Desafiando a ordem do rei de lançar no rio todo menino que nascesse, os pais esconderam o bebê Moisés em uma arca, uma pequena cesta de bambu, vedada com piche. [...] A filha do Faraó foi ao rio se banhar, viu a arca, e teve compaixão da criança. A irmã de Moisés, que estava por perto, armou um plano para que a sua mãe tomasse conta dele. Assim Deus graciosamente salvou a vida do menino.


Texto extraído do Dicionário Bíblico Wycliffe, editado pela CPAD.  

Comentário da lição de Jovens e Adultos

LIÇÃO 1
O LIVRO DE ÊXODO E O CATIVEIRO DE ISRAEL NO EGITO

INTRODUÇÃO

I. O LIVRO DE ÊXODO
II. O NASCIMENTO DE MOISÉS
III. O ZELO PRECIPITADO DE MOISÉS E SUA FUGA

CONCLUSÃO


A peregrinação do povo de Deus

A peregrinação dos patriarcas e a do povo de Israel antecipam o chamado à peregrinação da Igreja 

Por Cesár Moisés

Tentar escrever exegeticamente sobre o livro de Êxodo em tão sucinto espaço seria irresponsável. Analisá-lo teologicamente, nessa mesma dimensão espacial é, igualmente, uma tarefa impossível. Para uma leitura aprofundada sobre o Êxodo, indico, da CPAD, duas excelentes obras: História de Israel, de Eugene H. Merrill e, Tempos do Antigo Testamento, de R. K. Harrison. Ambas são fundamentais para se entender o contexto social, político, cultural e religioso da formação de Israel. Não obstante o fato de os meus objetivos serem modestos, cansado de ser óbvio, inicio essa reflexão disposto a andar por caminhos não antes palmilhados e radicalmente viscerais. E não o faço por qualquer outro motivo senão o de valorizar o relato da peregrinação de Israel durante quatro décadas pelo deserto, e o que tal trajetória significa, metaforicamente, para nós que cremos, e que, por isso mesmo, “andamos por fé e não por vista” (2Co 5.7).

Abraão — O peregrino paradigmático 

Apesar do grande historiador romeno das religiões, Mircea Eliade, ter provado que o tempo linear não é uma invenção dos judeus e das religiões chamadas proféticas (judaísmo, cristianismo, islamismo), pois tal noção já era conhecida pelo zoroastrismo persa, não se pode ignorar que a decisão de Tera em sair de sua terra para Canaã, apesar de interrompida por causa de sua morte, pôde ser continuada através de seu filho Abrão (Gn 11.31,32). Tal decisão em busca de viver algo diferente do que havia em Ur, é uma forma de romper com o fatalismo do tempo cíclico, ou do eterno retorno, que matinha todos os povos da antiguidade numa imobilidade mórbida, apenas esperando o que o “destino” reservava a cada um, isto é, nada podia ser mudado, tudo seria como sempre foi em um ciclo milenar.

Se o plano pessoal do patriarca não era residir em Canaã, e sua saída de Ur se deu apenas para seguir Tera, o fato é que após a morte de seu pai em Harã, Deus aparece a Abrão e lhe chama, encorajando-o a prosseguir a viagem (Gn 12.1-9 – Raciocínio diferente encontra-se em Atos 7.2-4). A autorrevelação divina instaura, para Abrão, a possibilidade de romper a “roda” fatalística. Ao menos para ele, pela primeira vez, aparece a possibilidade de ter contato com uma divindade não material como as que seu pai adorava (Js 24.2). Uma divindade que não se circunscrevia a um local, pois não pertencia a religião alguma. Como podia ele, em meio a um panteão de deuses, saber, com certeza, que a divindade que se revelara era o “verdadeiro Deus”? Abraão não sabia, ele creu (Gl 3.6). Por isso, Paulo afirma que todos os creem são “filhos de Abraão” e que, portanto, “aqueles que têm fé são os abençoados junto com Abraão, que acreditou” (Gl 3.7-9).

Essa única promessa que instruiu Abraão, também foi repetida a Isaque, fazendo este peregrinar (Gn 26.1-25). Posteriormente a promessa foi estendida a Jacó que, por sua vez, também peregrinou (Gn 28.10—50.26). Inseridos no Egito através de José, as setenta pessoas da família de Jacó — já tornado Israel —, transformaram- -se em um populoso contingente, conhecido como “hebreus” (Gn 40.15; 43.32; Ex 1.16; 2.6). Este numeroso povo também permaneceu instruído, durante longos 430 anos, por essa única promessa dada pelo Senhor aos patriarcas (Gn 50.24,25; Ex 13.19; Hb 11.22).

O reino de sacerdotes peregrinos 

O último estágio da peregrinação a ser aqui sucintamente considerado, subdivide-se em três períodos de quatro décadas cada um compreendendo os 120 anos da vida de Moisés, o principal protagonista do Êxodo (At 7.23,30; Ex 16.35; Dt 34.7). Na primeira fase, Moisés troca a estabilidade de quatro décadas no Egito pela incerteza de outras quatro décadas no deserto de Midiã que constituiu a segunda, e decisiva, fase de sua vida (Hb 11.23-26). Nos quarenta anos finais de sua trajetória, Moisés foi provado até as últimas consequências, tendo finalmente a “recompensa” de apenas contemplar a Terra Prometida (Dt 34.1-4).

A questão a destacar, e que parece não ter sido entendida, é que Deus não chamou o povo de Israel para exercer um papel hegemônico e imperialista sobre as demais nações. A promessa dEle a Abraão foi de que através da descendência do patriarca todas as famílias da Terra seriam benditas (Gn 12.3). Justamente por isso Deus disse a Moisés que uma vez que toda a Terra era propriedade dEle, se os israelitas ouvissem a sua divina voz e guardassem a sua aliança, eles seriam um reino de sacerdotes e uma nação santa (Ex 19.5,6). Como se sabe, Israel não entendeu esse papel a ser desempenhado e confundiu responsabilidade com privilégio, representatividade com regalia e bondade divina com mérito pessoal. O resultado foi o cativeiro e o desterro.

Não obstante a falha do Povo Escolhido, Paulo diz que “tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti” (Gl 3.8). Todos os que, pela fé, creem no Evangelho, são filhos de Deus e descendentes do crente Abraão: “Não há mais diferença entre judeu e grego, entre escravo e homem livre, entre homem e mulher, pois todos vocês são um só em Jesus Cristo. E se vocês pertencem a Cristo, então vocês são de fato a descendência de Abraão e herdeiros conforme a promessa” (Gl 3.28,29). Isso, mais uma vez, é preciso advertir, não significa privilégios, mas responsabilidades; não visa uma teologia da substituição, mas um dever sacerdotal. Como afirma o apóstolo Pedro: “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; vós que, em outro tempo, não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus; que não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia” (1Pd 2.9,10).

Para não concluir 

Mais do que conhecimento histórico e informações geográficas sobre o Êxodo, acredito que a grande lição desse trimestre é compreender o caráter transitório dessa nossa realidade. Aprender a contentar-se com o ordinário e não viver à cata de milagres, alegrar-se com a porção diária sem lamentar por não ter mais do que realmente precisamos, não ver-se como privilegiado, antes desapegar-se de tudo aquilo que — todo o mundo sabe — não nos acompanhará além do que a nossa peregrinação terrena permite. Tal deve ser assim se realmente queremos que a ética do Reino de Deus prevaleça em, e através de, nós (Mt 5—7). Isso significa, como afirma Carlos Mesters, transformar numa unidade a “vida vivida” e a “palavra escrita”. Mas para isso, é necessário entender que “mudando-se a vida, muda- -se o sentido do escrito para a vida, mudando-se o sentido do escrito, abre-se um novo sentido para a vida” (Por trás das Palavras, p.136).

Segundo o mesmo autor, era assim que os primeiros crentes em Jesus testemunhavam aos judeus. “Dizendo que Cristo estava neste ou naquele texto vétero-testamentário, os cristãos questionavam a vida dos judeus, pois queriam levá-los ao reconhecimento de uma nova dimensão neste ou naquele setor da vida”. O mais lamentável é que os “judeus, da sua parte, negando o princípio que sempre os guiou na releitura e na reinterpretação do Antigo Testamento, ao longo de toda a sua história, fechavam-se dentro da letra e queriam impor o livro à vida. Em nome desse mesmo Antigo Testamento, não queriam aceitar a nova dimensão cristã da vida e se defendiam contra ela” (Ibid., p.137).

Em “êxodo permanente”, isto é, em trânsito constante, é preciso que entendamos que “o Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo” (Rm 14.17). Valores que podem e devem ser vividos, exemplificados e expostos à sociedade através de nossa existência. Conquanto a realidade perpétua desses valores, em nossas vidas e em tudo que nos cerca, só será possível com a completude do Reino através da intervenção de Cristo, uma pálida demonstração deles é o suficiente para inspirar a sociedade e levá-la a uma transformação. O contrário desse sacerdócio é religiosidade estéril, e disso mundo está “cheio”.
 

César Moisés Carvalho é pastor, professor universitário, pós-graduado em teologia pela PUC-Rio e Chefe do Setor de Educação Cristã da CPAD.