LIÇÃO 6
A PEREGRINAÇÃO DE ISRAEL NO DESERTO ATÉ
O SINAI
INTRODUÇÃO
I. ISRAEL PEREGRINA PELO DESERTO
II. ISRAEL NO MONTE SINAI
III. IDOLATRIA DOS ISRAELITAS
CONCLUSÃO
A Aliança do
Sinai
Não
serão tratadas aqui as questões teológicas que envolvem o chamado pacto mosaico
ou sinaítico. Basta mencionar que através desta aliança o Senhor Jeová
confirmou a redenção que efetuara – livrou os hebreus da suserania egípcia,
tornando-os seus próprios servos, “...um reino sacerdotal e o povo santo” (Êx
19.6). O papel deste povo a partir daquele instante seria mediar ou interceder
como sacerdote entre o Deus santo e as nações rebeldes do mundo, tendo em vista
não somente proclamar a salvação, mas também providenciar o canal humano
através do qual esta seria efetuada.
Pode-se
afirmar historicamente que as doze tribos de Israel estavam presentes no Sinai
para participar da aliança com Jeová. Esta afirmação é rejeitada por Martin
Noth e outros estudiosos, que afirmam ter sido a tradição sinaítica
originalmente propriedade de uma ou duas tribos, que então compartilharam seu
entendimento acerca do passado com as demais tribos, até que a herança de cada
uma tornou-se a herança de todas. Nota-se claramente que uma das intenções da
narrativa do êxodo e da aliança é provar que todo o Israel tomou parte no êxodo
e encontrou-se com Jeová no Sinai. Somente uma avaliação céptica do texto
fundada em hipóteses críticas improváveis pode afirmar algo que não seja a
participação das doze tribos de Israel nesse momento crucial e sagrado de sua
história.
Um
outro fato importante é que a forma literária em que a aliança do Sinai aparece
(Êx 20―23) é profundamente semelhante aos tratados de suserania e vassalagem do
antigo Oriente Médio, especialmente os hititas, que foram feitos no mesmo período.
A semelhança torna-se ainda maior no livro de Deuteronômio, que efetivamente é
uma aliança extensa e apropriada à geração de israelitas que estava para entrar
em Canaã. De acordo com George Mendenhal, Meredith Kline, Kenneth Kitchen e
outros estudiosos, Êxodo 20―23 e Deuteronômio seguem a mesma estrutura e contêm
os elementos essenciais dos clássicos tratados entre suserano e vassalo, que
foram descobertos em grande abundância nos arquivos dos hititas em Boghazkeui,
Turquia (antiga Hatusas). Visto que a maior parte desses textos existe desde a
Idade do Bronze Recente, conclui-se que os sido tradicionalmente relacionado à
época de Moisés. Porém, na intenção de defender uma data bem mais recente para
o livro de Deuteronômio, muitos estudiosos preferem associar sua forma e
conteúdo aos documentos neo-assírios do sétimo século.
Mas
uma minuciosa comparação entre esses tratados e os textos bíblicos revela
problemas insuperáveis de interpretação. Por exemplo, as fórmulas de bênçãos
fazem parte integral tanto da literatura do Bronze Recente quanto dos textos
bíblicos, embora sejam completamente estranhos aos documentos assírios. Pela
lógica, fica claro que Moisés adotou a forma e o estilo de tratados que eram
bem conhecidos no décimo quinto e décimo quarto séculos, compondo os textos
bíblicos baseado nesses modelos.
O
motivo de Moisés ter adotado esta forma é perfeitamente compreensível. Ele poderia
com certeza ter criado um novo estilo literário, com seus próprios elementos
peculiares; mas, visto que sua intenção era ser mais instrutivo do que
criativo, ele utilizou um veículo com o qual o povo já estava bastante
familiarizado. Em outras palavras, como um bom professor Moisés estava ciente
do princípio pedagógico segundo o qual o aluno aprende melhor quando o
ensinamento parte do conhecido para o desconhecido. Moisés se utilizou desta
forma de comunicação a fim de que a aliança entre Jeová e Israel pudesse ser
revestida na forma dos tratados internacionais, intentando preservar as
verdades teológicas profundas que a ela estão associadas.
Texto
extraído da obra “História de Israel no
Antigo Testamento”, editada pela CPAD.
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